quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Histórias...


Como hoje não estou muito inspirado a postar alguma coisa que esteja acontecendo no mundo esportivo, lembrei-me de uma história que gostaria de compartilhar com meus poucos leitores! Foi um dos dias mais legais da minha vida e o dia em que eu realmente bati no peito e disse: Sou tricolor!

Pesquisando pelo site do SPFC, confirmei a data: 24/11/1993.

Era um dia comum para um garoto prestes a fazer 9 anos de idade. Estudava numa escola chamada E. E. Arquiteto Luis Saia, no bairro São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo/SP. Já me dizia são paulino, pois fui influenciado pelo meu pai, que, desde muito cedo, só me deu bons conselhos! Porém aquele já não era um dia qualquer. São Paulo e Flamengo iriam duelar no estádio do Morumbi pela disputa da Taça da Supercopa. Segunda partida. O primeiro jogo foi disputado no Maracanã e terminou 2x2. Portanto, eu já estava com uma certa expectativa de chegar em casa e assistir ao jogo ao lado do meu pai.

Mas aquele não era um dia comum...

Durante a aula, não me lembro de qual matéria, mas com certeza desinteressante, bate na porta aquelas famosas "tias" (não gente, não essas tias que vocês estão pensando!), que quando a gente cresce, aprende que são as supervisoras da escola. A professora autoriza a sua entrada:

- Por favor, o Érico está aí??

Todos olham pra mim e eu levanto a mão...

- Seu pai veio te buscar pra te levar ao médico. Pode pegar suas coisas...

Pensei:

-Pai??? Médico??? Mas eu tô bem!

Olhei pra um amigo com aquela cara de que não está entendendo nada e saí da sala.


Chego na secretaria, encontro meu pai, que imediatamente pega minha mochila, agradece a secretária e sai da escola comigo ao seu lado. Enquanto ele abria a porta do motorista, eu pergunto:

-Pai, pra que você vai me levar no médico?? Eu tô b...

De repente, meu pai joga uma camisa do São Paulo na minha direção e sorrindo, diz:

-Que médico que nada... Nós vamos pro Morumbi!!!

Cara, eu era a felicidade em pessoa!!! De uma aula chata para um carro, com a pessoa que eu mais admiro na vida, em direção ao Morumbi para uma super final contra o Flamengo! Passamos na casa de alguns amigos do meu pai, entre eles um palmeirense, que ficou o jogo todo quietinho e com um certo medo de ser descoberto!

Simplesmente não acreditei quando subimos a escada e chegamos na arquibancada! Aquele estádio lindo, lotado de tricolores apaixonados, transpirando alegria e confiança!!! Pra um garoto de 8 anos de idade, aquilo era o máximo, o auge da alegria, da novidade, da emoção!!

Sendo sincero, naquela idade eu não tinha o mínimo de conhecimento de futebol para trazer aqui grandes informações táticas e técnicas. Mas lembro perfeitamente que o jogo terminou 2x2. Renato Gaúcho abriu o placar pro Flamengo e Leonardo empatou o jogo. Juninho (que posteriormente passou a ser chamado de Juninho Paulista) virou o jogo e, logo em seguida, Marquinhos empatou e levou a partida para as penalidades máximas.

Quem guardava a meta tricolor era, na minha opinião, o melhor goleiro que já vi na vida: Zetti. E após algumas cobranças convertidas por rubro-negros e tricolores, o penâlti seria cobrado por um novo jogador e futuro ídolo da torcida corinthiana: Marcelinho Carioca. Zetti x Marcelinho! Da arquibancada, via aquela cena com ansiedade. Meu time não poderia sair sem o título! Eu não poderia sair do Morumbi sem comemorar a vitória do meu time do coração!

Marcelinho correu, bateu....

Na trave!!!

O Morumbi tremia!!! Eu gritava, pulava!!! Precisávamos de mais um gol! O último antes do tão sonhado grito de campeão! O último chute antes de eu ver o Morumbi em peso gritar de alegria!

Muller pegou a bola e cobrou com a categoria que sempre lhe foi peculiar!

São Paulo! Campeão da Supercopa 1993!

Claro que nenhum daqueles jogadores que estiveram em campo sabem da minha existência! E ninguém no mundo tem idéia do quanto aquele dia foi feliz e especial pra mim! Mas hoje, alguns anos mais velho, reconheço que o maior herói daquela noite não estava em campo. Não foi o Zetti, com suas defesas milagrosas. Também não foi o Juninho, com sua leveza, velocidade e visão de jogo. Também não foi o Muller, que chutou o último penâlti e que tantas outras alegrias deu à torcida tricolor.

O maior herói daquela noite estava ao meu lado!

O maior herói daquela noite SEMPRE esteve ao meu lado!

O maior herói daquela noite foi você, pai!

Abraço a todos!

3 comentários:

  1. Putz! Cê não vai me fazer chorar agora, né? Acho que foi um cisco no olho... hehehe!
    Cara, eu não sou tricolor, mas achei sua história cativante pra caralho! Emocionante! Futebol é isso mesmo, tem dessas emoções e recordações. E vc conseguiu me fazer viver (e reviver) um pouco da sensação boa que é assistir a uma boa partida de futebol! Putz, muito bom!

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  2. Erico!
    Que memória mais linda!
    Ai..ai..quantas coisas lindas poderá contar ao Léo!
    Sabe do meu coração Tricolor /alvinegro.
    Naõ teve como não emocionar.
    Caramba!
    Você é todo "tranquerião",mas um doce de menino.
    De fato,o Herói foi mesmo seu pai!
    Espelhe-se sempre!
    Beijo!

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  3. Ai, ai... Sabe o que é mais engraçado? Já ouvi esta história, ainda com maiores detalhes, mas acho que agora ela estará, definitivamente, eternizada em minha memória! Ficou INCRÍVEL! Você soube transcrever sua emoção de uma forma ímpar!
    A cada dia que passa, cresce minha admiração por você e pela sua forma de escrever...
    Fiquei muito feliz pelo blog e por saber que está usando seu brilhante talento para nos trazer emoção e informação!

    Parabéns!!
    Um grande beijo!!

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